A chegada de um filho é um momento transformador, repleto de emoções e expectativas. No entanto, junto com a alegria, também surgem desafios que podem sobrecarregar os pais, gerando altos níveis de estresse.
A pressão para atender a todas as necessidades da criança, equilibrar responsabilidades profissionais e manter a vida pessoal pode ser exaustiva.
Esse estado de exaustão emocional e física é conhecido como estresse parental e, quando não gerenciado, pode impactar tanto a saúde dos pais quanto o desenvolvimento da criança.
O Que é Estresse Parental?
O estresse parental ocorre quando os pais sentem que seus recursos emocionais, físicos ou financeiros não são suficientes para lidar com as exigências da criação de um filho.
Esse esgotamento pode ser intensificado por fatores como privação de sono, dificuldades financeiras, falta de apoio e a pressão de corresponder a um ideal de maternidade ou paternidade perfeita.
Segundo a psicóloga Marília Scabora, fundadora da Tribo Mãe, “o acúmulo de responsabilidades, aliado à cobrança por um desempenho impecável, pode fazer com que pais e mães sintam uma sobrecarga intensa, afetando sua saúde mental e emocional”.
Embora qualquer pessoa possa vivenciar o estresse parental, ele é mais frequente entre as mães. Um estudo da USP apontou que 47,9% das mães apresentaram altos níveis de estresse parental já no primeiro mês de vida do bebê.
Isso acontece porque, culturalmente, as mulheres ainda assumem a maior parte das responsabilidades com os filhos.
Por outro lado, os pais também podem sentir essa sobrecarga, especialmente ao tentar conciliar trabalho e paternidade, ou quando enfrentam dificuldades para expressar suas emoções.
A falta de apoio adequado pode levar ao chamado esgotamento parental, em que o cansaço extremo torna os pais emocionalmente distantes dos filhos.
Quais São os Impactos do Estresse Parental?
O impacto do estresse parental não se limita apenas aos pais, mas afeta diretamente o ambiente familiar. “Nos adultos, o estresse pode levar a sintomas como irritabilidade, ansiedade e fadiga.
Já para as crianças, a tensão dentro de casa pode comprometer o vínculo afetivo e o desenvolvimento emocional”, explica Marília.
Além disso, essa dinâmica pode gerar um ciclo negativo: pais estressados reagem de forma impulsiva, sentem-se culpados e o desgaste continua.
A professora de mindfulness e inteligência emocional Thais Requito vivenciou esse desafio ao tentar conciliar os cuidados intensivos com sua filha de um ano e nove meses e o trabalho remoto no período pós-pandemia. “Passava dias sem conseguir tomar banho ou me alimentar direito.
A privação de sono e a falta de tempo para mim intensificaram o estresse”, compartilha.
Com o tempo, Thais encontrou estratégias para aliviar essa sobrecarga. “Aceitei que essa fase era temporária e comecei a pedir mais apoio ao meu marido. Dividir as responsabilidades melhorou muito a nossa dinâmica familiar”, relata.
Infelizmente, essa não é a realidade de todas as mulheres. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), mais de 11 milhões de mães no Brasil criam seus filhos sozinhas.
Para muitas, a falta de suporte financeiro e emocional agrava ainda mais o estresse parental.
Como Lidar com o Estresse Parental?
Lidar com o estresse parental requer uma combinação de estratégias individuais e apoio externo. Algumas medidas podem ajudar a reduzir essa sobrecarga:
Aceitação sem culpa: Reconheça que sentir-se sobrecarregado faz parte da experiência de ser pai ou mãe e que não há um modelo perfeito.
Buscar apoio: Conversar com familiares, amigos ou até mesmo profissionais pode aliviar a pressão emocional.
Estabelecer limites: Definir horários para descanso e autocuidado é essencial para manter o equilíbrio.
Dividir responsabilidades: Quando possível, compartilhar as tarefas com o parceiro ou rede de apoio evita sobrecarga excessiva.
Adotar práticas de relaxamento: Exercícios físicos, meditação e técnicas de respiração ajudam a reduzir o estresse.
Além disso, é importante que a sociedade como um todo contribua para a redução do estresse parental. O provérbio africano “é preciso uma aldeia inteira para criar uma criança” ilustra bem essa necessidade.
Escolas, creches e políticas públicas voltadas à família são fundamentais para apoiar mães e pais nessa jornada.
Thais conclui: “Não dá para evitar completamente o estresse, pois ele faz parte da vida. Mas podemos aprender a lidar melhor com ele. Permitir-se errar, descansar e pedir ajuda são atitudes que fazem toda a diferença na parentalidade”.
Com estratégias adequadas e um ambiente de apoio, é possível reduzir o estresse parental e criar um ambiente mais saudável para toda a família.